terça-feira, outubro 03, 2006

O PIER E AS AREIAS MONAZÍTICAS

Não conseguimos até o momento nenhuma material que nos confirme quem e quando foi construído o Pier. (Quem dispuser deste material poderia nos enviar).

Sómente nas propagandas turísticas encontramos referências a construção do Pier. Estas informações variam. Em algumas o Pier foi construído nos anos 50 em outras nos anos 60. Em algumas o Pier tinha 60m em outras 1.200m. Em algumas foi construído por uma empresa alemã em outras pela CNEN.

Uma coisa é compartilhada por todas. O Pier foi construído com objetivo de facilitar o acesso de navios à praia para retirada da areia monazítica.

Foto de Paulo Mattos (1980/81)

Assim nossa história deve começar com a areia monazítica.

Tudo começou em 1884/85, quando um comandante de um veleiro da firma Ed. Johston & Co, observou em Prado e Caravelas, no litoral da Bahia, uma areia amarela escura, cor de ouro velho, intrigado colheu pouco e enviou para o engenheiro Johton Gordon, diretor da firma. De posse da amostra Gordon a envia para o Geólogo Orville Derby do Museu Nacional do Rio de Janeiro, que não tendo como analisar o material, manda para Henrique Gorceix, professor e fundador da Escola de Minas de Ouro Preto.

Foi Gorceix quem primeiro investigou as areias MONAZÍTICAS no Brasil, tendo publicado o resultado do exame nos Anais da escola e comunicando a Academia de Ciências de Paris. Gordon de posse desses resultados procurou mercado para sua aplicação.

Somente em 1886 quando surgiram as primeiras camisas encandescentes AUER para iluminação a gás, nas quais eram empregados primeiramente sais de Lantônio, Ìtrio, Zircônio e Magnésio estaído de minerais suecos e nesta data foram substituído pelo Tório provenientes das areias monazíticas.

Gordon iniciou a "exploração clandestina das areias amarelas da Bahia, fazendo repetidos carregamentos a título de lastros para navios", que só foram proibidos pelo Governo da Bahia em 1890, quando já havia sido embarcado cerca de 15.000 toneladas de areia monazíticas de alta concentração.

Os abusos prosseguiram pois Gordon, em 1886,já havia conseguido permissão oficial para extrair Monazita em terrenos devolutos da Marinha e adquirir, por compra, o direito de lavrar terrenos particulares.

Othon Leonardo informa que a fabricação de tório na Europa era feito por quatro grandes firmas alemãs e uma de Viena, que empregavam areia monazítica do Brasil e em 1902, John Gordon assina contrato como fornecedor exclusivo destas firmas. Gordon acumulou 9.000 toneladas muitos anos, impedindo qualquer concorrência, até acabar o contrato, em 1907.

Existem pontos no litoral brasileiro, que vão desde Prado e Caravelas, no litoral da Bahia até Santa Catarina em que são encontradas areias radioativas. Isto acontece pois as rochas, nestes locais são Gnaisse, de origem vulcânica e por causa do calor os minérios se depositaram em camadas, a erosão transforma em areia e as corrente marinhas levam maior ou menor quantidade para determinadas praias.

Retirado do site http://www.proinfo.es.gov.br/ntevitoria/escolas/silvamello/2001/TURISMO/areiamonazitica.htm

Esta informação e corroborada pelo Dr. Paulo M. Figueiredo Filho, chefe da Divisão de Engenharia de Processo, da Diretoria de Materiais e Ciclo do Combustível. Segundo ele:

O início do aproveitamento da areias monazíticas brasileira deu-se em 1886, quando o inglês John Gordon estabeleceu-se na jazida de Cumuruxatiba, no litoral sul do Estado da Bahia, município de Prado. A monazita (mineral de terras raras que contém urânio e tório) era processada na Europa para a produção de sais de tório e de terras raras, utilizados na fabricação de camisas incandescentes para a iluminação a gás. Com o advento da eletricidade, a partir da década de 20, houve um declínio no consumo de monazita, até que as pesquisas sobre energia atômica, na época da Segunda Grande Guerra, colocaram novamente a monazita em evidência devido ao seu conteúdo de tório (elemento fértil).

Em 1951 o governo brasileiro proibiu a exportação de concentrados de monazita e procurou despertar o interesse de empresas em processar quimicamente esse concentrado no país. Os sais de terras raras poderiam ser exportados, enquanto o tório seria retido no Brasil.

Em 1960 os direitos de lavra das jazidas de areias monazíticas foram adquiridos pela CNEN. Esses direitos são até hoje exercidos através das Indústrias Nucleares do Brasil S/A - INB para o abastecimento de matéria-prima na fabricação de sais de terras raras, sendo o tório estocado sob forma de hidróxido. Com a Lei 4118 de 27/08/62 passaram a constituir um monopólio da União a pesquisa e a lavra de minérios nucleares, tendo a CNEN, através da Resolução 01/63, classificado a monazita como mineral nuclear devido ao seu conteúdo de urânio e tório.
Em 1967 a resolução 06/67 da CNEN modificou resoluções anteriores, obrigando a dissolução de rejeitos radioativos (urânio e tório) contidos nos minerais, nos concentrados, ou em outro produto industrial, consequentemente, liberando do monopólio estatal as atividades de pesquisa e lavra das areias monazíticas.

O licenciamento de minas e usinas de beneficiamento que manuseiem como produto, subproduto ou rejeito, minerais de ou com urânio, tório ou outros radioativos, segue a norma CNEN - NE - 1.13 de 1989.